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segunda-feira, 15 de junho de 2009

“Shirê Oba, a festa do rei”

"É um espetáculo teatral? Ou uma ação que se renova em cada execução?", essa foi uma análise encontrada num blog pessoal que resume todo o espetáculo “Shirê Oba, a festa do Rei” e que destaquei para ilustrar minhas próprias reflexões a respeito do mesmo. Antecedendo o espetáculo, ainda do foyeh do teatro, o público é recepcionado pelos atores dançando e gerando som com o próprio corpo numa coreografia ritualística de “boas vindas”, ao menos, assim é compreendida pelo público leigo das tradições ritualísticas africanas. Muitos pontos forte merecem ser destacados, como o cenário que leva o público para dentro de um grande terreiro que integra o espectador fazendo de nós elementos cênicos que participam do espetáculo; A iluminação é tão delicada e tão caprichada que chega a ser tridimensional quando transpassa o trançado dos cestos de palha pendurados no teto criando uma espécie de cápsula desenhada no espaço que envolve cada pedaço de chão do palco, várias cápsulas, a luz se faz tão presente que por vezes chega a ser confundida com o texto apresentado e passa despercebida pelo público como elemento cênico; O som tem toda a sua particularidade, a maneira como eles utilizaram o som para criar toda a ambientação do espetáculo chega a vestir os atores como uma névoa que contorna os corpos seduzindo-os a realizar tais movimentos, seguir tais direções e sentidos, som que se faz indivíduo quando o texto aparece em “gravação-chave” para nos lembrar que naquele momento existe uma mensagem própria, uma passagem individual. No instante em que estava sentada em bancos desconfortáveis soltos no contorno da sala absorvendo o olhar dos atores a poucos centímetros de meus olhos, senti o desconforto de estar dentro de um terreiro de Candomblé, desconforto por não sentir afinidade com aquilo e nenhum interesse em especial por conhecer, contudo, após duas semanas de reflexão, analiso hoje aquela experiência como um investimento real de cultura, o terreiro não foi apropriado para um apresentação cênica dentro de um teatro, mais sim cada elemento cênico foi pensado como pesquisa de uma cultura que está entranhada em cada elemento da nossa cidade.

Texto de Priscila Pimentel
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Shirê Obá – A Festa do Rei
Cia de Teatro Nata
Dias 13, 14, 20, 21, 27, 28 de junho – 18h
(sábados e domingos)
Cabaré dos Novos
Teatro Vila Velha
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
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Um comentário:

  1. Priscila,

    Muito legal ler isso sobre o shirê e saber que o incomôdo não te levou a simplemente anular o nosso propósito e a nossa pesquisa. Bom saber que de uma forma ou de outra isso mexeu.
    Como se diz em yoruba: Adupé. (obrigado)

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