“Tornamo-nos humanos, portanto, em decorrência de um processo educativo cujo principal veículo é a linguagem. Por ela aprendemos a ordenar o mundo numa estrutura significativa e adquirimos as “verdades” da comunidade onde deveremos viver. Tal processo educacional primário – aprender a ser humano – é chamado de socialização, por alguns autores. A criança é socializada: adquire uma linguagem e, com ela, uma determinada forma de falar, pensar e agir, segundo a cultura onde está.
Diferentes comunidades humanas constituem culturas distintas, isto é, maneiras diversas de falar, sentir, entender e agir no mundo. Uma cultura significa um grupo humano que apresenta características próprias em suas construções e formulações: possui um determinado sistema político, econômico, crenças, língua, religião, arte, costumes, etc. Cada cultura apresenta uma fisionomia particular, um “jeito de ser” básico que é compartilhado pelos seus membros.
Pode-se então falar no “estilo” de vida do chinês”, no “modo britânico de ser”, no “american way of life” e no “jeitinho que o brasileiro sempre dá”. Quando fazemos tais afirmações estamos notando que indivíduos de diferentes culturas apresentam determinados traços peculiares em sua forma de viver, que os diferenciam um dos outros. Por esse motivo diz-se que tdos nós apresentamos uma determinada personalidade cultural, ou seja, um conjunto de traços que são comuns a todos os membros de nosso grupo cultural.
Assim, quando somos “socializados” – quando aprendemos a ser humanos – estamos também aprendendo a ser humanos – estamos também aprendendo o estilo de vida de nossa comunidade. Estamos adquirindo nossa personalidade cultural. Alguns autores chamam este mecanismo pelo qual somos iniciados no estilo de vida de nossa cultura de endoculturação. Endoculturação é, então, este processo pelo qual todos nós passamos, “interiorizando” um estilo cultural de viver.
DUARTE JÚNIOR, João-Francisco. Por que arte-educação? – 8ª ed. – Campinas, SP : Papirus, 1996 – Coleção Ágere. Cap. Linguagem e arte, página 28.
Bibliografia. ISBN 85-308-0003-6
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