Depois de muito pensar, tomei a decisão em ir assistir o espetáculo Córtex no último dia 18, primeiramente para prestigiar uma grande amiga que estava no elenco e depois para poder desenvolver minha escrita crítica. Geralmente o que me estimula a querer me deslocar de minha casa até o teatro são um conjunto de fatores como título, cartaz, fotos de divulgação, todos esses elementos que, a meu ver, não me agradaram, não me motivaram, em nenhum momento associei aquele material a um espetáculo teatral, enfim, mas como disse, tomei a decisão em ir conferir. Antes do primeiro sinal, ainda do lado de fora do teatro, o público aguardava pacientemente o espetáculo começar assistindo a performances sensuais dos atores trajados de roupas provocantes e curiosas, todos eles dançando e transitando pra lá e pra cá por entre o público como num brega e o mesmo ritmo continua na sala de apresentação antes das cortinas subirem... Uma pausa... Eis que uma das atrizes se manifesta, diante do público, ela diz coisas, provoca, excita,... Estamos todos nos divertindo na sacanagem gostosa de seu corpo... Ela está lá pra isso! Cortinas sobem, luzes, a música volta, dança, muita dança sensual, é o ritmo das noites, a noite marginalizada pela prostituição, as drogas, vícios de quem não tem nada a perder, mas essa noite tem um único ritmo no palco do teatro em questão, o espetáculo teatral não se permitiu sair das ruas sombrias, a marginalidade da noite está ali crua mas não nua, os atores parecem querer expor os universos complexos que existe dentro de cada personagem dessa noite e ao mesmo tempo que todos possuem uma poética de vida parecidos, eles destacam pontos pequenos o que garante ainda mais a inércia no público que assiste. Talvez essa tenha sido uma das propostas do espetáculo, não sei, sei que quando já estava me acostumando com a idéia de ser expectadora daquele universo separado por mim por uma parede grossa de gelo com um elefante branco ao lado, eis que surge a “Conga Drinks Show” pra me proporcionar muitas e boas gargalhadas, mas... Onde eu estava mesmo?! Me perdi! Bom, tirando o elefante branco, merecem aqui os meus aplausos os figurinos e adereços, o som dentro e fora do teatro, a performance fora do teatro antes do espetáculo começar, e o cenário que com poucos e significativos elementos conseguiu lindamente criar o ambiente desse universo tão esquecido e tão procurado das noites marginalizadas.
Texto Priscila Pimentel
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