A mulher corresponde na esfera antropológica, ao princípio passivo da natureza. Aparece essencialmente em três aspectos: como sereia, como mãe ou Magna Mater (pátria, cidade, natureza), relacionando-se também com o aspecto informe das águas e do inconsciente ; e como donzela desconhecida, amada ou anima, na psicologia junguiana. Segundo o autor de transformações e símbolos da libido, os antigos já conheciam a diferenciação da mulher em Eva, Helena, Sofia e Maria (relação impulsiva, afetiva, intelectual e moral). Um dos mais puros universos arquétipos da mulher como anima é a Beatriz da Commedia de Alighieri. A figura feminina conserva todas as implicações mencionadas quer dizer, as correspondentes a cada uma de suas formas essenciais, em todas as alegorias baseadas na personificação. São muito interessantes certos símbolos nos quais a mulher surge mulher surge associada à figura de um animal. Assim a mulher-cisne da mitologia céltica e germânica, relacionada com as mulheres de pé de cabra do folclore ibérico. Em ambos os casos se alude ao desaparecimento da mulher uma vez cumprida sua função maternal e também á “morte” da virgem como tal para o surgimento da matrona. A união de elementos tomados da figura feminina com a do leão é freqüente na iconografia. A deusa egípcia Sekmet, caracterizada por sua destrutividade, tinha corpo de mulher e cabeça (idéias) de leão. Ao contrário, o corpo de leão com cabeça de mulher aparece em Hieroglyphica, de I.P.Valeriano, como emblema de hetaíra. A participação de elementos morfológicos femininos em símbolos tradicionais, como a esfinge, alude sempre ao fundo da natureza sobre o qual se projeta um conceito ou uma soma de intuições cósmicas. Em conseqüência, como imagem arquetípica, a mulher é complexa e pode ser sobredeterminada de modo decisivo; em seus aspectos superiores, como Sofia e Maria, como personificação da ciência ou da suprema virtude; como imagem da anima é superior ao homem, mesmo por ser o reflexo da parte superior e pude dele. Em seus aspectos inferiores, como Eva e Helena, instintiva e sentimental, a mulher não está no nível do homem, mas sim abaixo dele. É talvez, quando realiza-se a si própria, como Ewig Weibliche, tentadora que arrasta para baixo, coincidente com o símbolo alquímico do princípio volátil, isto é de tudo o que é transitório, inconsistente, infiel e mascarado.
- CIRLOT, Juan-Eduardo. Dicionário de Símbolos. Ed. Moraes, 1984
- CIRLOT, Juan-Eduardo. Dicionário de Símbolos. Ed. Moraes, 1984
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