O poema que se segue abaixo é de autoria de Marluce Pêrsil, uma jovem escritora que desde os 15 anos de idade é apaixonada pelas diversas sensações que as palavras nos proporciona. O poema "Eu ainda posso gritar" é apenas um aperitivo do trabalhoq ue ela realiza e que pode ser conferido em seu blog http://poemasquesomos.blogspot.com
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Eu ainda posso gritar
Como podes, pai adotivo de minha jornadaintrépida, abandonar-me aos dentes famintos
do leão, que saliva de esquina em esquina a procura de
almas desbotadas por chuvas que flora seu limo
escorregadio e intencionalmente dificulta o passeio
turístico das pobres mentes anestesiadas por delírios
desventurados.
Foi tu que fizeste-me enxergar com os dois olhos,
perceber que em tudo existe dois lados, tão opostos,
tão significantes, tão completos.
Daí convoca-me a guerra?
Justamente quando estava mais fraca.
Pois na última batalha perdi meu escudo e
desapontei-me por minha espada que cegara.
Eu precisava me refazer!
Ir ao mais alto de uma montanha, gritar aos céus
um pouco de atenção, arrepiar-me em busca de
perdão, chorar, lavar minhas vestes e minhas mãos.
Recostada em uma pedra acompanhando à
despedida da lua para que pela manhã eu pudesse
nascer... você... golpeou-me pelas costas!
Foi embora e nada disse.
Porque me traíste?
Teu trono, não salivei...
Seus desejos, não cobicei.
Ao longo de todas as nossas batalhas em
cumplicidade, mostrei-lhe minha face mais fraca,
meu lado mais fácil de ser atingido, meu choro abafado,
reprimido.
Eu não o odeio!
Eu, não o entendo!
Rancores passam e lágrimas secam.
Mágoas? Ficam... Sendo suficientes combustíveis para a vingança
E que a vingança fique longe do meu eu!
Ela é a cegueira da razão, se é que existe razão.
Ainda assim, um pouco sem uma parte de mim, sou
capaz de minha voz entoar:
Levantem-se todos contra mim, todos!
Que eu os entrego minha espada e ajoelho-me para
derramar até a última gota do meu sangue por um
ideal!
O que é um homem sem palavra?
Nada!
O que é um homem sem audácia?
Nada!
O que é um homem sem saber quem ele é?
Poema de: Marluce Pêrsil
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