No último dia 10, a praça do Campo Grande foi palco para uma linda apresentação cultural. De origem ameríndia, o Toré é uma manifestação plástica-ritualística de caráter espiritual onde pessoas se reúnem em círculo para orações que contribuem para a resolução de um problema ou questão através da reflexão ou incorporação de espíritos e demais energias convidadas tendo como centro de força uma grande fogueira ou símbolos sagrados consagrados pela história ou por outros cultos que o envolveram, como a estátua do “caboclo” que marca o ponto central da Praça do Campo Grande, historicamente, um grande campo verde que servia como base militar para traçar estratégias de combate e reestruturação das tropas portuguesas. Interessante lembrar como esse culto mágico se assemelha a outros de diferentes povos de distintas épocas; Rituais de mumificação no Médio Egito contavam com cerimônias de incorporação ao redor do fogo; Os sacerdotes druídicos convidavam espíritos da natureza atraindo-os com a energia do fogo fundida a sua. Exemplos assim estão presentes em diversas culturas de forma reservada para seus membros, e o que presenciamos no Campo Grande foi uma grande adaptação de confraternização e bênção para todos os presentes. Inevitável a presença dos mesmos espíritos dos cultos sagrados e reservados exclusivamente para os membros daquela cultura, contudo, energias foram vibrados em diferentes sintonias e canalizadas todas para um único ponto, o centro da dança que ardia e aquecia com o fogo da música produzindo pela voz e corpo acompanhada por um coro de pálpebras e respirações.
Texto de Priscila Pimentel
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