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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Esboços de um domingo comum

Tarde de domingo, a noite começa a cair sem pressa, porém constante, numa constança acentuada. Aquela figura plena e inquieta sentada em sua velha poltrona parecia admirar a completude de sua mente criativa e ininterrupta, procurava lembranças de uma alguém que talvez nunca existiu, esses foram os primeiros passos de sua nova história. Henrique contemplava tais lembranças com o gosto terno de quem as viveu intensamente. Aquela figura parecia estar completa, porém bruta, carecendo de sentimentos humanos e generosos. Sozinho em sua pequena sala apóia seus pés em um móvel qualquer, olha desinteressado para o teto e diz:
- (cantarolando) “Você não lembra de mim... Não, não... Você nem escuta a si... Não, não...” (riso sarcástico, um silêncio toma suas lembranças e Henrique fecha os olhos) - Filha da puta! Você nem ao menos merece ter lembranças, e o que me diz agora?!


Alguém bate a porta. Henrique levanta-se para abrir a porta.

Carteiro: - Aqui é a casa do senhor Henrique?
Henrique: - Sim, pois não!
Carteiro: tenho essa encomenda para o senhor, assine aqui, por favor. (entregando-lhe uma prancheta e caneta)
Henrique: - Livros e mais livros, desta vez pedi uma moeda! Comprei uma moeda antiga! Gosta de moedas?
Carteiro: - Não, senhor.
Henrique: - O que te faz não gostar de uma moeda?
Carteiro: - Nada, eu apenas...
Henrique: - Moedas são valiosas, é dinheiro! (pegando a caixa da embalagem, admirando-a sem abrir) O que você entende sobre moedas? Sabe quantas pessoas pegaram nessa moeda? Sabe quem foram essas pessoas e porquê passaram adiante? Não! Você não sabe... Minhas memórias... Posso por lembranças nessa moeda, uma história. Acredita em histórias?
Carteiro: - Eu tenho que ir, senhor.
Henrique: - Pois vá... Já gravei seus traços. Amanhã ou depois lhe darei lembranças e uma história que talvez você não chegues a saber.
Carteiro: - Tenho que ir... Tenha um bom dia, senhor. (virando-se de costa e indo embora)
Henrique: (ainda com a porta aberta, com o pacote em mãos, olhando para o carteiro indo embora e sorrindo com os olhos semi-serrados) – Até mais... Afonso!

Henrique fecha a porta olhando para o pacote e ainda sorrindo acomoda o pacote em cima da poltrona, afasta-se, pega uma bebida, senta-se, pega o embrulho novamente, abre e diz olhando para o objeto dentro dele: - 2 semanas para me enviar sua foto, cachorra!

Texto Priscila Pimentel

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